quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Amizade de avisos



Talvez ela nunca tenha sido minha melhor amiga. Era o que eu pensava enquanto fazia uma panela de brigadeiro pra assistir um filme, e, com certeza, não iria prestar nem um pouco de atenção no tal filme que eu ainda nem havia escolhido. Tinha que ser alguma coisa ligada á comédia romântica ou só comédia.

Quando conheci a tal “melhor amiga”, ela era uma menina tímida, com um cabelo preto longo, um corpo de dá inveja, realmente, muito bonita. Mas quem diria que por detrás daquela beleza haveria uma menina capaz de despedaçar um coração? Acho que ninguém. Talvez eu esteja sendo um pouco dramática. Não sei. Fica por contar de você, achar que sim ou que não.

Me aproximei dela e perguntei:
-Oi, tudo bem? Você é novata né? Eu também. Vamos andar juntas?

Talvez eu tenha sido muito “apresentada”. Mesmo com um pouco de vergonha de me aproximar dela, acabei indo mesmo, afinal, o que eu iria perder? Ela aparentava ser uma ótima pessoa para se fazer amizade. Assim começou aquela amizade que eu jurava que iria até nossos túmulos. Infelizmente, apenas eu pensava assim.

Não éramos daquelas amigas que ficavam grudadas o tempo todo. Mas eu tinha certeza que uma coisa era certa: eu sabia de toda a vida dela. Quer dizer, quase toda. Contava quase tudo pra ela, por quê não me sentia à vontade pra contar certas coisa, do tipo, familiares. Isso deveria ter sido um aviso pra mim; eu não me sentia à vontade pra contar tudo pra ela. Mas eu não entendi o tal aviso.

No mês seguinte, no meu quarto, entre uma colherada e outra de brigadeiro (era uma das paixões que tínhamos em comum), ela me disse que sua mãe estava pensando em tira-la da escola no ano seguinte. Fiquei pasma. Veio uma reprise na minha cabeça. Já havia passado por uma vez como aquela;  a antiga amiga foi para outra escola, e a amizade acabou. Assim, do nada. Simplesmente não houve mais assunto entre nós.

Mas minha amiga era atual. Os tempos haviam mudado, talvez, com a tecnologia cada vez mais avançada, eu nunca perderia contato com ela. Ela disse que queria muito sair da nossa escola, não aguentava mais ver o mesmo pessoal todo santo dia. Outro aviso pra mim. Concordei com ela e disse que iria tentar convencer minha mãe a me colocar na mesma escola que ela. E assim terminou aquela tarde ensolarada de filmes românticos na televisão.

Continuei minha amizade com ela durante o resto do ano. Quando chegaram as férias de dezembro, prometemos uma á outra que manteríamos contato e nunca nos separaríamos. Infelizmente, não foi bem assim. Ela viajou durante férias de dezembro. Não consegui falar com ela em janeiro. Em um dia que eu estava terminando meu banho da tarde, me veio uma coisa á mente: E se ela não mantivesse contato comigo?

Encacuquei com aquilo. Liguei novamente e ela me atendeu. Disse que não podia falar comigo naquele momento por quê estava com umas amigas novas, no shopping, e que depois me ligava. Fiquei um pouco chateada, por no momento em questão, ela ter me trocado, mais resolvi esperar a tal da ligação. Ela não ligou. Liguei novamente e dava apenas caixa de mensagem. Esperei uma 1 dia. 1 semana. 1 mês. Nada. Ela simplesmente havia me esquecido. 

Tirei o brigadeiro da panela. Estava quente, como de costume. Coloquei na geladeira para esfriar, mesmo sabendo que não podia fazer tal coisa, pois ele estava muito quente para ser jogado direto na geladeira. Sentei na mesa da cozinha para esperar. Depois de mais ou menos 20 minutos, retirei da geladeira e fui pro quarto.

Liguei a televisão. Coloquei em um filme de comédia romântica, meu preferido. Enquanto assistia e comia meu brigadeiro morno, novamente voltou a imagem da minha não-mais-amiga, e, em meio á brigadeiros e filme, chorei. Ela havia novamente entrado em minha cabeça. O que será que ela estaria fazendo naquele momento? Chorando também? 

Talvez eu tenha sido um pouco dramática. Não sei.
  

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