1º dia de escola nova

Era o primeiro dia na escola nova. Ana Paula até quis fazer um penteado legal, mas sua mãe estava atrasada. Fica pra para a próxima.  Só enrolou o cabelo em um coque dentro do carro mesmo. Um pingo de Nescau manchou a blusa estampada. Tem nada não, ninguém ia perceber, afinal, a blusa era estampada.

Pode-se dizer que a escola era bem grande. Na porta, grupinhos de amigos estavam formados. As famosas “panelinhas”. Parecia que não haveria espaço naqueles grupos para novatos. Nas escadas para o segundo andar, havia um casal de namorados “interagindo” e outro casal conversando ou discutindo, não sei ao certo.

Finalmente, a sala 12. Era uma sala pequena, assentos de carteiras grandes. Parecia ser uma boa sala. Sentou-se na 5ª cadeira do lado esquerdo. Quase a última. Queria Que ninguém a percebesse. Não gostava nem um pouco de apresentações de si própria, muito menos na frente de outros adolescentes.

Os adolescentes daquela sala poderiam facilmente ser divididos em: garotas bonitas, garotos bonitos, nerds, os estranhos e os casais. As garotas tão falantes que chegava a ser enjoativo. Acho que nessa hora Ana Paula pensou em um palavrão. Não era de xingar, por isso não falou em voz alta.

Antonia era o nome da professora de português que acabara de entrar e ela nem havia percebido. Tinha uma cara de cansada e usava óculos. Não era bonita nem feia. Fez uma apresentação de si, disse a matéria que iria lecionar, virou-se e começou a escrever no quadro branco um assunto de adjetivos e nem perguntou se havia novos alunos.

Imagina a tranquilidade de Ana Paula por ela ter feito isso.

Os ponteiros do relógio giravam lentamente. Parecia que podia dar qualquer hora, menos meio-dia. Quando o relógio tocou, esperou todos saírem, levantou-se da carteira e saiu da sala que agora estava vazia. Do lado de fora, alguns alunos novatos já estavam enturmados com os veteranos. Ela se perguntava como eles conseguiam aquilo tão rápido.

Sua mãe chegou para buscá-la. Foram comer em um restaurante japonês, pelo fato de que sua mãe estava literalmente sem vontade de preparar um almoço decente. Ana Paula estava realmente cansada quando chegara em casa. Queria apenas sua cama e dormir o resto do dia, e, felizmente, esperar que o próximo dia chegasse.