sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Quando te encontrei no ônibus


Eu estava em pé segurando com as duas mãos no suporte de cima do ônibus. Parecia que eu estava na 25 de Março um dia antes do natal de tão apertado. As pessoas se encostando umas nas outras e o pior era que algumas não estavam cheirosas. O sol estava quase queimando as plantinhas da calçada.

Como sabia que o ônibus demoraria um pouco para chegar ao meu destino, queria ao menos pegar meu livro de romance para terminar aquelas duas últimas paginas do capitulo três, mas eu mal conseguia respirar sem incomodar pessoas, quem dirá me mexer e pegar o livro. Dane-se. Eu quero ler e ponto. Aos poucos, tirei a mão do suporte, e pedindo desculpas, a enfiei na bolsa á procura do livro. Por sorte, foi à primeira coisa que peguei. O livro ajudou também; era a maior coisa que tinha na minha bolsa.

Até que quando coloquei minha mão de volta ao suporte e a outra segurando o livro, meus olhos localizaram uma pessoa desconhecida sentada na primeira cadeira á direita. Um garoto que aparentava ter seus 18 ou 19 anos. Eu realmente estava tentando me concentrar no livro, mas aquele olhar dele para a janela me chamava à atenção. Parecia que o corpo dele estava ali mais a mente dele não.

Alguém tossiu lá atrás. Depois, outra espirrou. Ou talvez a mesma que tossiu tenha espirrado também. Não consegui distinguir. O cara da janela parecia gostar de legião urbana. Acho que era porque ele me lembrava o Paulo Paulista. Imaginei posters colados na parede do quarto dele. Dei um sorrisinho sem mostrar os dentes. Céus, como sou idiota.

Queria me aproximar dele e pedir com uma enorme educação para aquela moça sentada ao seu lado para sair de lá. Eu necessitava descobrir seu nome. Ficaria mais fácil localizar ele nas redes sociais e conhecer mais sobre ele. Se é que ele tinha. Na me surpreenderia se ele não tivesse. Ele não tinha cara de quem gostar de sentar o traseiro na cadeira e ficar atualizando as redes sociais.


Quando tomei coragem para ir ao seu encontro, mesmo sem quase conseguir sair do lugar, o ônibus parou bruscamente e ele se levantou, desceu as escadas do ônibus e foi embora. Era o ponto dele. A minha parada ainda estava longe. Pude sentir um pedacinho do meu futuro indo embora. E eu não pude fazer nada. Se ao menos eu soubesse o nome dele.

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